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“POR QUE JUDIA?”


Na cruzada pela vida,
À procura pela terra prometida,
Gente sem pátria, gente sofrida,
Que por outras pátrias fora acolhida.
                                   Lavou o chão dos campos de concentração,
                                   Com o sangue, suor e lágrimas dos corações,
                                   Que ainda choram as marcas pela violência deixada.
O tempo passou
E nada ou quase nada mudou.
Aquele povo antes dispersado pelo mundo,
No Oriente se uniu,
Num pedacinho de terra seu país construiu.
De povo oprimido virou opressor,
Com a mesma arma que era vitimado,
Semeia por lá a mesma dor.
Reprime a liberdade,
Mata nas ruas sem piedade,
Sufoca o desejo de quem quer ver livre,
O seu território ocupado.
Concentra os indesejados,
Como um dia fora concentrado,
Nos campos que hoje chamam de: “Campos dos Refugiados”.
                                    Pensei que tamanha crueldade fosse coisa do passado.
                                   Assim como a guerra havia acabado.
                                   Por que judia?
                                   Se já sentiram essa dor na própria carne.

Pabro Poeta - Fev/1988
“POEMA PARA UM AMOR DISTANTE”

Foste tu o caminho,
Eu seria o andarilho,
A caminhar nessa estrada.
                               Foste tu o mar,
                                 Eu seria o barco,
                                 A navegar sobre as ondas
                                 Do teu amor
                     Foste tu a fera,
                     Eu seria a presa fácil,
                     A ser devorada pelas tuas vontades.
                                 Foste tu a boca sedenta     
                                 Eu seria a água fresca,
                                 A saciar-te a sede.
Foste tu a fome voraz,
Eu seria o alimento farto,
Ao teu alcance.
                      Foste tu a minha realidade,
                                 Eu não precisaria imaginar tanto,
                                 Para ter-te ao meu lado.

Pabro Poeta - Set/1991


“RENOVAÇÃO DE VOTOS”

Uma declaração de Ailton para Michelle Pauline
 
Quando lhe perdi,
Sumiu o meu chão.
Parte de mim vagou num silêncio profundo.
A luz se apagou
E o meu mundo desorientado
Não conseguia completar a sua órbita,
Pois não havia, mais, o sol em meus dias.
Fiquei perdido no meu próprio eu.
A vida seguia.
O tempo passava e eu não via.
Não havia tempo
Que pudesse preencher
O meu tempo vazio de você.
            Cultivei nos meus erros solidão
            Em um coração que batia sem sentido
            Para manter uma vida,
Que prosseguia sem rumo.
        Autoestima sem brio.    
Quando lhe reencontrei,
O meu sorriso voltou no seu sorriso.
A vida voltou a ter vida,
Quando você me diz
E permite eu lhe dizer: “vida”.
Obrigado por me aceitar assim como eu sou.
Tenho defeitos,
Não sou perfeito.
Sem você, então, aí que não tenho conserto!
Renovados e fortalecidos,
Conscientes, sem interferentes,
Retomamos a nossa caminhada.
Renovamos neste momento
Os nossos votos de vida a dois,
Consolidados no amor.
Porque o amor é eterno.
O eterno transcende o tempo.
Igualam-se as almas.           
Vida nova!
De vida agora renovada,
Só me resta lhe dizer: te amo.

Pabro Poeta - Out/2011

“CAUSA SEM CAUSA”


Uma explosão violenta,
Um quarteirão se arrebenta.
Um tremor no centro do coração,
Sobre o chão, as ruínas,
Sob os escombros, corpos sem vida,
Gente ferida, gritos, pânico e dor.
Sangue na cidade, marcas deixadas pelo terror.
Saldo de mortos, não se sabe.
Um grupo revolucionário assume o atentado,
Em nome da liberdade.
Seja por qual causa for,
O mundo indignado lamenta sem entender.
Por quê?
Tudo por uma causa,
Que pela violência se derrotou.
Causa sem causa se tornou.
 
Pabro Pabro - Dez/1987